quarta-feira, 26 de maio de 2010

Resumão das aulas de Hermenêutica 1/2


Resumão das aulas de Hermenêutica 
No ultimo dia 15/05 o professor Elias Lopes, passou um trabalho sobre as matérias vista em sala de aula. Caso você não tenha seu caderno em dia, agora você poderá atualizá-lo, pois se tratando do Elias, você precisará ter seu caderno muito bem atualizado.
Que Deus continue abençoando a todos.
Soli Deo Gloria. 
20/02/2010
O que é hermenêutica? É o exercício de interpretar a Palavra de modo que, possa significar para os ouvintes de hoje o que significou para os ouvintes originais.
No dicionário encontramos o significado: "A arte de interpretar textos". Porém hermenêutica vem do grego hermeneia, interpretação.
"E as multidões, vendo o que Paulo fizera, levantaram a sua voz, dizendo em língua licaónica: Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens, e desceram até nós. E chamavam Júpiter a Barnabé, e Mercúrio a Paulo; porque este era o que falava" At 14.11-12
 Mercúrio é o mesmo que Hermes. Essa variação de nomes, é devido ao sincretismo religioso, os deuses romanos, são os mesmo das mitologias gregas, os deuses católicos, são os mesmos da umbanda.
Os moradores da cidade de Icônio chamaram a Paulo de Hermes por estar com a palavra, Hermes era um deus da mitologia grega, filho Zeus e Maria, foi considerado na mitologia como mensageiro dos deuses. Por esse motivo o nome Hermenêutica também pode derivado deste fato.
Em primeiro lugar devemos entender que não existem duas interpretações da Bíblia! A hermenêutica é certamente a primeira ciência que o pregador deve conhecer. A hermenêutica é regida por leis que devem ser observadas e seguidas com muita atenção.
Importância da hermenêutica:
1º A bíblia interpreta-se a si mesma
2º A hermenêutica é importante por causa do poder da Palavra como revelação de Deus e por sua necessidade na igreja de hoje.
27/02/2010
1º O poder da Palavra:
·         Revelação
·         Uso das Escrituras
2º Os desafios e problemas na interpretação
3ª Condições para que se faça uma hermenêutica segura
"O grande problema da igreja Brasileira deriva-se do pouco uso da Palavra de Deus ou ao mau uso da mesma. Até os anos 70 poderíamos dizer que tínhamos em nosso País tínhamos uma Igreja saudável, pois foi nessa década que surgiu o movimento neopentecostal" E.L. Fernandes
Precisamos entender os abismos que impedem a compreensão das Escrituras.
1ª Pecado Original [Gn 3.23]
O pecado nos deixou o homem separado de Deus [Rm 5.12; Rm 3.23; Ef 2.2-3], e por esse motivo não pode entender as Escrituras [I Co 2.14; Tt 1.15-16]. Com o pecado original, o homem ficou sobre o domínio de satanás [Ef 2.2-3], e ele tenta impedir o entendimento do homem [II Co 4.3-4; Mt 13.1-23]
2ª Dificuldade de compreensão
Essa é uma limitação humana,impossibilitando o homem de entender o que lê [At 8.31], e pode acontecer até com os salvos [I Pe 3.15-16]
3ª Dificuldade do ponto de vista lingüístico
Santidade, geralmente é associado a usos e costumes, pois quando alguém chega na igreja tratamos logo de ensinar o que não se pode fazer, e não o que se deve fazer.
Como por exemplo, a palavra AGAPE, alguns dizem ser amor de Deus, mas em outros textos como "Demas amou o presente século"[II Tm 4.10], a palavra no original também é ágape.
4ª A questão cultural:
Alguns por não conhecer a cultura do povo a quem o autor destinou o texto, criam doutrinas que não contem nenhuma relação com o fato. Como por exemplo o fato descrito em Jo 2, o casamento em Caná da Galileia, o vinho acabou. Se não souber qual o sentido do vinho no casamento judaico, poderia ser criado qualquer tipo de baboseiras, como já ouvimos, que Jesus hesitou em transformar água em vinho pois era contra a bebida alcoólica, e que só fez o milagre, pois não agüentou o pedido de sua mãe. (Absurdo).
5ª Abismo geográfico
Se o interprete não conhecer o contexto geográfico, jamais poderá entender o fato do texto. Quando lemos por exemplo, o texto de At 8, onde Felipe evangeliza o Eunuco, o texto fica muito claro ao conhecer as rotas e estrada de Israel, sabendo que o mesmo estava passando pela estrada do centro que vai da estrada Via Maris, passando por Jerusalém, Belém e Hebrom em seu primeiro trecho, e fica mais claro ainda quando sabemos que Felipe foi arrebatado desta estrada para Azoto, cidade encontrada a beira da estrada da costa. [Veja essa aula em Geografia Bíblica: http://stbnet.blogspot.com/2010/05/geografia-biblica-15052010-estradas-e.html]
6ª Abismo Literário.
O sermão que se faz em uma parábola, não é o mesmo sermão que se faz em um texto apocalíptico. No caso da parábola, sempre que interpretá-la, deve-se pensar no motivo pela qual ela foi escrita. A parábola do filho prodigo, por exemplo, foi escrita para mostrar aos fariseus que não aceitavam o envolvimento de Jesus com os pecadores e publicano. Entendendo esse sentido fica claro que a ênfase da parábola está sobre o filho que fica, porém já ouvimos muitas mensagens mal interpretadas que diziam que o anel, significava a aliança, as sandálias uma preparação para a proclamação do evangelho, o novilho a manifestação do cordeiro etc (Absurdo).
06/03/2010
Condições para que se faça uma hermenêutica segura:
Ferramentas:
Espirituais = Salvo / Oração / Santificação / Dependência de Deus
Humanas = Estudos Diligentes / Espírito Humilde / Uso de Recursos
Nenhum de nós está isentos de errar quanto à hermenêutica, a preocupação de Deus é saibamos o que estamos ensinando.
Somente o salvo pode compreender o sentido real da Palavra de Deus. Como disse João Calvino devemos "Orare e Labutare", ou seja oração e trabalho. Só poderá usar a espada do espírito aquele que tiver comunhão com o espírito.
13/03/2010
Objetivo da Hermenêutica
Sola Scriptura = Somente a Escritura, como única fonte de regra e fé.

  • Autoridade: Igreja x Escritura

  • Autoria: Divina x Humana

  • Inspiração: Parcial x Plenária

  • Unidade: Plano de Redenção
O Espírito Santo não despreza o uso das faculdades intelectuais, para a boa interpretação das Escrituras.
Autoridade da igreja, foi chamada de ERA DAS TREVAS, onde os bispos e clérigos somente tinham acesso aos escritos sagrados, atribuindo o sentido que melhor lhes convinham, ou criando tradições extra-bíblica, criando uma imposição de tais fundamentos de forma que não se podia pensar diferente da igreja.
A centralidade da reforma foi para dar autoridade à bíblia e não ao clericalismo.
Obs.: Próxima matéria irá sintetizar as regras da hermenêutica.
Que Deus abençoe a todos.
Primeiro Ano STBNET.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Mapas - Geografia Bíblica

MAPAS DE ISRAEL

ESTRADAS E CAMINHOS DE ISRAEL


PRINCIPAIS MONTES DE ISRAEL


MAPA DE ISRAEL

Geografia Bíblica - 15/05/2010 - Estradas e Caminhos de Israel

Estradas e Caminhos de Israel


Olá Irmãos, Graça e Paz.

Na ultima aula, o Prof. Carlos Akio, passou uma nova matéria: Estradas e Caminhos de Israel. Nesta aula, vamos falar de quatro principais Estradas. Sendo elas: Estrada da Costa, Estrada do Centro, Estrada do Leste e Via Maris.

A palavra estrada está registrada 10 vezes na A.T e 5 no N.T; caminho 782 e vereda 63. Estrada é larga e caminho é estreito. Mt 7.13 estabelece a diferença.
Pela posição geográfica de Israel, plantado no mundo antigo, entre as duas superpotencias da epoca: Egito no ocidente e Mesopotamia no levante; estas potencias disputavam a hegemonia do mundo, e lutavam. Israel era o caminho inevitavel para as grandes disputas.

VIA MARIS: Inicia em Acre ou Tolemaida e se dirigia até Damasco. Entrava em Israel pela ponte BENAT YA-QUB, ai sul do lago Hula. Passava proximo de Cafarnaum, e cruzava a planice de Genezare.
Uma parte desta famosa Via Maris era pavimentada e os romanos cobravam , pedagio (impostos) para os que transitavam, tanto de carros, como de cavalos ou vindantes.

ESTRADA DO CENTRO: Essa estrada na verdade eram duas. Ou uma estrada com uma bifurcação transformando-a em dois pontos. Em seu primeiro ponto saia de via maris, passando por Jerusalem, Belem, Hebrom até Gaza, alcançando a estrada da costa. Foi nesta parte que o Eunuco foi evangelizado por Felipe (At 8.26-40). Em seu segundo ponto saia de Hebrom, passando por Berseba e chagava a Eilate.

ESTRADA DA COSTA: Saia do Egito, seguia por uma região deserta cerca de 120Km e atingia o mediterrâneo na altura de Gaza. Continuava pela costa do mediterrâneo passando por Ascalom, Jamia, Jope, Cesareia, Tolemaida, Tiro e terminava em Sidom.
A primeira parte que partia do Egito e siguia até Gaza era conhecida como "Estrada dos Filisteus" (Ex 13.17). 

ESTRADA DO LESTE: Saindo de Jerusalem, cruzava o vale de Cedrom, subia o Monte das Oliveiras, descia até Jericó, atravessava o Jordão, subia os montes da Galaade passava por Filadélfia e continuava até Damasco.
Foi nesta tão importante estrada que Paulo teve um encontro com Cristo (At 9).

Que Deus continue abençoando a todos.

Soli Deo Gloria.

Turma do Primeiro Ano STBNET.

sábado, 8 de maio de 2010

Resposta de Ricardo Gondim sobre a "Teologia Relacional"



Teologia Relacional - Que bicho é esse?
Ricardo Gondim.

(Advertência - O texto é longo e pode fazer mal à sua religião! – quer enfrentar?)

Um Tsunami inundou as praias asiáticas e eu, angustiado com aquela tragédia, escrevi um texto. Erradamente, vazei minhas dúvidas, deixando transparecer em público a minha dor.

Acontece que isso não se faz entre evangélicos, que convivem com certezas. Quase fui linchado em praça pública, já que os protestantes brasileiros se habituaram a “convicções fortes” a uma “fé inabalável” e a “afirmações irredutíveis”.

Outro erro meu: tolamente não cogitei, naquela altura dos acontecimentos, que teólogos e pastores já tivessem respostas com argumentos teológicos muito melhores do que os meus – tenho mais dúvidas do que certezas - para explicar a morte de algumas centenas de milhares de pessoas – a maioria pobre.

De lá para cá, se espalha um amontoado de fofocas pelos corredores evangélicos sobre minha adesão à Teologia Aberta – “Open Theism” em inglês. Como as pessoas ouvem o galo cantar, mas não sabem onde, recebo cartas quase diariamente me perguntando que bicho é esse chamado de Teologia Relacional.

Alguns queridos também escrevem preocupados com minha vida diante dessa "nova heresia”. Teismo Aberto e Teologia Relacional não são a mesma coisa. Vou tentar explicar a diferença.

Começo afirmando que não gosto de rótulos ou cercas que buscam circunscrever as pessoas dentro de categorias. Considero pobre e reducionista taxar alguém de calvinista, arminiano, liberal, relativista ou de qualquer outra coisa. Digo isso porque busco não deixar-me restringir a uma “nova” teologia ou repetir pensamentos enlatados, vindos de fora.

Lamento que professores de seminário continuem achando que aderi a uma única escola vinda dos Estados Unidos denominada “Teologia Relacional”. Eles nem sabem que esse termo é totalmente desconhecido lá.

Aliás, o termo “Teologia Relacional” foi cunhado por mim e pelo Stanlei Belan, um engenheiro muito amigo, membro da Betesda. Em nossos “papos-cabeça”, notamos que carecíamos de uma expressão que nos ajudasse a conceituar nossos arrazoamentos.

Realmente não dá para imaginar que dois tupiniquins o inventaram nos arredores de São Paulo durante um retiro de carnaval.

Mas ao que Stanlei e eu nos referíamos quando criamos a expressão Teologia Relacional? Vamos por parte.

1. Deus se relaciona com mulheres e homens em amor.

Entendemos que a declaração joanina de que Deus é amor não visa conceituar ou definir filosófica ou teologicamente como um atributo divino, mas descrever a maneira como Ele decidiu soberanamente relacionar-se com a humanidade.

Entretanto, vimos que, ao dizer que Deus é amor, complexas implicações se levantavam. Decidimos levá-las às últimas conseqüências, foi aí que acabamos confrontando algumas práticas e percepções religiosas.

Senão, vejamos:

a) Um dos atributos do amor é liberdade. Entendemos que não seria possível falar sobre amor e, ao mesmo tempo, aceitar que ele aconteça com algum tipo de coerção.

Sim, Deus pode arrastar (no calvinismo: “Graça Irresistível") para si quem quiser. Mas, não é assim que a Bíblia revela seu amor. Se agisse dessa forma, Deus teria subordinados, vassalos, marionetes, jamais amigos, filhos maduros ou parceiros.

b) A liberdade como um atributo do amor, complicou ainda mais. Perguntamos: Como Deus pode conceder real liberdade, se sua presença, seu fulgor, sua glória preenchem tudo? Como mulheres e homens poderiam desenvolver virtudes, atitudes maduras e comportamentos responsáveis com a presença de Deus transbordando no mundo, na realidade espacial e nos espaços existenciais?

Deus se ausentou por amor!

O capítulo sobre o amor, escrito por André Comte-Sponville em “Pequeno Tratado das Grandes Virtudes” (Ed. Martins Fontes), pode ajudar a compreender melhor o significado dessa ausência divina:

“O que é este mundo... senão a ausência de Deus, sua retirada, sua distância (a que chamamos espaço), sua espera (a que chamamos tempo), sua marca (a que chamamos beleza)?

Deus só pôde criar o mundo retirando-se dele (senão só haveria Deus); ou, se nele se mantém (de outro modo não haveria absolutamente nada, nem mesmo o mundo), é sob a forma da ausência, do segredo, da retirada, como a pegada deixada na areia, na maré baixa, por um passeante desaparecido, única a atestar, mas por um vazio, sua existência e seu desaparecimento…

Temos aí uma espécie de panteísmo em negativo, que é a recusa de qualquer panteísmo verdadeiro ou pleno, de qualquer idolatria do mundo ou do real.

“Esse mundo enquanto totalmente vazio de Deus é Deus mesmo”, e é por isso que “Deus está ausente, sempre ausente, como indica de resto a famosa prece: “Pai nosso que estás no céu…”

Simone Weil leva a expressão a sério, e tira dela todas as conseqüências: “É o Pai que está no céu. Não em outra parte. Se acreditamos ter um Pai aqui na terra, não é ele, é um falso Deus.” Espiritualidade do deserto, que não encontra ou não prega mais que “a formidável ausência, por toda parte presente”, como dizia Alain, a que responde, em sua aluna, esta fórmula surpreendente: “É preciso estar num deserto.

Pois aquele que é preciso amar está ausente.” Mas por que essa ausência? Por que essa criação-desaparecimento? Por que esse “bem feito em pedaços e espalhado através do mal”, estando entendido que bem possível já existia (em Deus) e que o mal só existe por essa dispersão do bem, pela ausência de Deus – pelo mundo? “Só se pode aceitar a existência da infelicidade considerando-a como uma distância”, escreve ainda Simone Weil. Que seja.

Mas por que essa distância? E, já que essa distância é o próprio mundo, enquanto ele não é Deus (e ele só pode ser o mundo, evidentemente, desde que não seja Deus), por que o mundo? Por que a criação?

Simone Weil responde: “Deus criou por amor, para o amor. Deus não criou outra coisa que não o próprio amor e os meios do amor.” Mas esse amor não é um mais de ser, de alegria ou de potência. É exatamente o contrário: é uma diminuição, uma fraqueza, uma renúncia. O texto mais claro, mais decisivo, é sem dúvida este:

A criação é da parte de Deus um ato não de expansão de si, mas de retirada, de renúncia. Deus e todas as criaturas é menos que Deus sozinho. Deus aceitou essa diminuição. Esvaziou de si uma parte do ser.

Esvaziou-se já nesse ato de sua divindade. É por isso que João diz que o Cordeiro foi degolado já na constituição do mundo. Deus permitiu que existissem coisas diferentes Dele e valendo infinitamente menos que Ele. Pelo ato criador negou a si mesmo, como Cristo nos prescreveu nos negarmos a nós mesmos.

Deus negou-se em nosso favor, para nos dar a possibilidade de nos negar por Ele. Esta resposta, este eco que depende de nós recusar é a única justificativa possível à loucura de amor do ato criador.

As religiões que conceberam essa renúncia, essa distância voluntária, esse apagamento voluntário de Deus, sua ausência aparente e sua presença secreta aqui embaixo, essas religiões são a verdadeira religião, a tradução em diferentes línguas da grande Revelação.

As religiões que representam a divindade como comandando em toda parte onde tenha o poder de fazê-lo são falsas. Mesmo que monoteístas, são idólatras...”.

Embora ateu, Comte-Sponville parece compreender bem que realmente só temos de Deus nesse mundo, suas “pegadas”, sua “impressão digital” – “Os céus declaram a glória de Deus”.

Também concordo com John Hick (“Evil and the God of Love” - New York, Harper & Row; London, Mcmillan, 1966, p. 317) - quando elabora essa ausência divina do universo como um gesto do seu amor e não do seu abandono – como os deístas supunham:

“Ao criar pessoas finitas para amar e serem amadas por ele, Deus precisa dotá-las com certa autonomia relativa quanto a si mesmo”. Mas como pode uma criatura finita, dependente do Criador infinito quanto à sua própria existência e a cada poder e qualidade do seu ser, possuir qualquer autonomia significativa em relação a esse Criador?

A única maneira que podemos imaginar é aquela sugerida pela nossa situação efetiva. Deus precisa colocar o homem à distância de si mesmo, de onde ele então pode vir voluntariamente a Deus. Mas como algo pode ser colocado à distância de alguém que é infinito e onipresente? É óbvio que a distância espacial não significa nada nesse caso.

O tipo de distância entre Deus e o homem que criaria certo espaço para certo grau de autonomia humana é a distância epistêmica. Em outras palavras, a realidade e a presença de Deus não devem se impor ao homem de forma coercitiva como o ambiente natural se impõe à atenção deles. O mundo deve ser para os homens, pelo menos até certo ponto, etsi deus non daretur, ‘como se Deus não existisse’.

Ele precisa ser cognoscível, mas apenas por um modo de conhecimento que implique uma resposta livre da parte do homem, consistindo essa resposta em uma atividade interpretativa não-compelida através da qual experimentamos o mundo como realidade que media a presença divina”.

c) Augustus Nicodemus, teólogo presbiteriano, escreveu um texto (http://www.teologiabrasileira.com.br/Materia.asp?MateriaID=140) em que procura analisar a Teologia Relacional (a partir de agora, tratada por TR).

No primeiro ponto de seu arrazoado, Nicodemus tenta explicar quais seriam pressupostos da TR:

“O atributo mais importante de Deus é o amor. Todos os demais estão subordinados a este. Isto significa que Deus é sensível e se comove com os dramas de suas criaturas”.

Tentemos compreender, frase por frase, o primeiro ponto de sua argumentação:

I) “O atributo mais importante de Deus é o amor” –

Infelizmente, pela fragilidade de seus argumentos, parece que ele nunca leu as obras originais de Clark Pinnock, John Sanders ou Gregory Boyd, apenas o que seus críticos publicaram na internet.

Não conheço ninguém que, ao tentar descrever uma pessoa, consiga catalogá-la, como dona de um “atributo mais importante”, como: honestidade, justiça, bondade ou amor.

Se nas relações entre os humanos as complexidades são enormes, imagine a criatura tentando relacionar-se com o Divino. Deus não é uma “coisa” para destacar-se uma característica sua, mais importante ou mais singular.

Portanto, Nicodemus fez uma afirmação inconsistente com a revelação judaico-cristã de Deus como Pessoa, nunca defendida pelos escritores do teismo aberto ou por qualquer outro teólogo que eu já tenha lido.

II) “Todos os demais [atributos] estão subordinados a este” –

De novo, Nicodemus afirma sem poder situar a fonte da sua declaração. Entretanto, agora fica nítido que está arando terreno para o que vai dizer logo depois, quando exporá uma premissa fundacional do ultra-calvinismo - a apatia divina.

Nicodemus quer, com uma só tacada, demolir as premissas do teísmo aberto e minar o senso comum da tradição evangélica que reconhece a ternura de Deus.

Sua próxima frase vai negar noções intuitivamente percebidas pela grande maioria dos evangélicosa: Deus é afetuoso, sim.

III) “Isto significa que Deus é sensível e se comove com os dramas humanos” –

Espere! Mas não é precisamente isto que as Escrituras repetidamente expressam sobre o Senhor? Por que a TR seria uma heresia por acreditar nos afetos divinos? A não ser que Nicodemus leia as Escrituras com as lentes aristotélicas do “Motor Imóvel” ou da “Apatia Divina”, não há como entender o Deus da Bíblia, senão como uma Pessoa que se sensibiliza e se comove com o drama humano.

Considero desnecessário mencionar centenas e centenas de versículos tanto da Bíblia hebraica como da cristã em que o Todo-Poderoso lamenta e espera; sofre e ri; chora e tem paciência; pune e perdoa. Podem existir conceitos do Divino em que Deus não seja tocado pelo sofrimento humano, mas, seguramente, ele não se parecerá com o Deus Encarnado dos cristãos.

Finalizando, entendo que a Bíblia revela um Deus amoroso usando a metáfora do Pai para significar a intensidade como Ele nos quer bem:

“Como a ternura de um pai para com seus filhos, assim terno é Iahweh para aqueles que o temem; pois ele sabe de que somos feitos, lembra-se de que somos pó” – Sl 103.13-14.

Soli Deo Gloria.
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Fotos: Geografia Bíblica

Pensamentos da Semana

  • "A Lei foi dada para que se implore a graça; a graça foi dada para que se observe a lei." (Agostinho de Hipona)
  • "Não estamos no evangelho da prosperidade, e sim no evangelho da pobreza, nós vivemos do que temos, não com o gostariamos de ter" (Enéas Tognini)
  • "Só usamos o termo "Calvinista" como apelido...A doutrina que chamamos de Calvinismo, é a mesma que encontramos nos escritos de Agostinho, que é a mesma dos escritos do Apóstolo Paulo, que é a mesma ensinada por Cristo...o Calvinismo é o evangelho e nada mais" (Charles Spurgeon)
  • Ao olhar-se no espelho de Romanos 3 verá que está descrito em termos nada louváveis à sua justiça própria, mas ali estará descrito como morto, guiado pelos espíritos malignos, distanciado de Deus, nas trevas, pecaminoso e condenado" (Elias Lopes)
  • “Não oraremos de uma maneira correta a menos que a preocupação por nossa própria salvação e zelo pela glória de Deus sejam inseparavelmente entrelaçados em nossos exercícios.” (João Calvino)